terça-feira, 29 de setembro de 2015

sem título

de repente um fogo subiu por debaixo da minha saia
acho que voltei
me olhei no espelho e vi um sorriso largo
olhos brilhantes e mais confiantes
um desejo de sair daquela inércia
desejo de energia cinética
permiti-me, então, dar asas a liberdade de quatro paredes
viajei pra dentro de mim
ousei ser quem sou
depois de tanto vagar
sinto que começo a me encontrar
apenas começo a caminhar

quarta-feira, 17 de junho de 2015

#diário

Rio de Janeiro, 17 de junho de 2015

Costumava chamar o mês de junho de sweet june, porque foi nesse mês que, há alguns anos, me aproximei daquele que seria minha paixão platônica por muitos e muitos anos. Vivi com ele um breve relacionamento que, além de me fazer muito feliz, me disseram um pouco sobre meu comportamento estranho com os homens. Nesse momento, e em alguns outros futuros, eu me sabotei, como muitas mulheres marcadas pela dor do amor, eu não soube lidar o que com o sentia, não desenvolvi a chama inteligência emocional. Pluft, perdi, play boy.

Agora, o mês de junho passa a ter, pra mim, outro significado. É o momento em que começo a me reencontrar enquanto ser humano, enquanto mulher, enquanto atriz principal do filme da minha vida.

Na presente data, sinto-me feliz. Ainda não plena. Há muito que ainda preciso fazer por mim, compreender, equilibrar, encontrar o caminho e a melhor forma de lidar com tudo aquilo que ainda não sei explicar o que é. Mas tá aqui borbulhando dentro de mim. Pelo menos, posso dizer que a vida me instiga, acho que isso já é muito positivo. Mas ainda não é tudo.

Não sei se eu deveria entrar pro MADA, Mulheres que amam demais anônimas, juro, espero que não. Mas amor, ou desamor, é uma coisa que realmente me consome muito, ao ponto de prejudicar minha saúde, como nos últimos meses. E é por isso que agora o mês de junho passa a ter outro singnifcado para mim, continua sendo sweet, mas agora, porque sinto a estou me devolvendo a mim.

Quando me olho no espelho, já consigo me reconhecer. Ainda estranho os milagres que a acupuntura faz. Um dia, a louca dramática que chora a toa, não sabe o que vai fazer da vida porque tá tudo errado e há milhões de coisas pra arrumar, sem forças para começar. Hoje, uma pessoa tranquila, que consegue pegar uma praiana sozinha, ler um livro sem se sentir a última criatura do universo.


Mas sei também, que esse é só o começo. Há ainda um longo caminho a ser trilhado. Começo buscando me encontrar de verdade. Forças, pelo menos, o universo já me deu. Não encontrei resolução pros meus problemas, encontrei serenidade para procurar. Apoio nunca me faltou e, certamente, não me faltará. A vida me fez rodeada de pessoas amadas e amáveis.




quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Caco de vidro

Elas se aproximaram naturalmente, amigas se fizeram, e com muito amor, uma amizade sincera e feliz nasceu. Muitas confidências, muito carinho, sorrisos de cumplicidade, de felicidade, lágrimas de tristeza, momentos divididos, amor multiplicado.
Tudo sempre correu bem, entende-se, desentende-se. Fala, fala. Amigas do dia a dia, da noite, da praia, na cerveja, na música, nos gostos, no coração.
As festinhas são alegres, os shows tornam-se experiências mágicas.
A cumplicidade só se multiplica.
Amigos são sempre um bálsamo no coração humano. Ter, além da família, quem te suporte os momentos difíceis e te impulsione nos momentos de duçura da vida é sempre estimulante e enriquecedor. Faz sentir gratidão por receber tanto e oferecer tão pouco.
É lindo como o amor entre almas afins nasce e cresce e toma o amado e amável.
As interferências e desentendimentos são parte. Não há interação sem conflitos. Somam sempre, são aprendizados e são até fortalecedores dos laços de carinho e confiança.
Curioso e incompreensível é quando algo se quebra e a interação passa a ser difusa, o outro torna-se algo inalcansável.
A comunicação, antes tão fluída, apenas não se estabelece.
As almas, antes afins, parecem desconhecidas.
O sorriso de cumplicidade se esvai e fica o sorriso de conveniência, aquele que só pretende uma convivência pacífica.
Não é possível saber porque começou nem se vai continuar. De onde vem a rachadura?
Aquele laço agora é um nó cego.
As tentativas do reencontro se fazem frustradas e só reforçam a distância que não é de corpos, mas sim de corações.
Sinto, agora, um imenso vazio. Como se um pedaço de mim fosse desfeito, como se a vida levasse um parte do meu coração me deixando um buraco no peito.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

acelerado

o pensamento não para, busco distrações, meios, escapes, e, ainda assim, ele insiste em voltar naquele passado já tão distante, naquela ferida ainda aberta
as sensações são revividas com memórias difusas, um misto de saudade com amargor
nada mudou. mas tudo mudou
não sei se continuo a mesma ou se sou outra
tenho dúvidas, dívidas, temores
tenho desejos, ansiedades, insatisfações
quero que o tempo passe, mas também quero viver o tempo passando
quero que o amor domine tudo que for dor


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Gelo

Meu coração não sabe mais o que é amar.
Ama tanto, intensamente, qualquer coisa que não se pode se tocar
O que vem perto,
O que tá certo,
Pouco importa

Uma pedra de gelo se pôs em seu lugar
O que deseja tanto, tanto não sabe valorizar
Tem nas mãos tantas possibilidades
E delas se esquiva pra lá e pra cá

Como reaprender a sentir de verdade?
Como derreter esse gelo arrepiante?
O caminho a seguir é um mistério
E o vazio que se perpetua um martírio

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

frequência cardíaca





não sei dizer nem pensar direito sobre as complexas relação humanas. as minhas, acredito que como a de todo mundo, não são nada fáceis. sentimentos confusos, bandidos, que me afastam e me aproximam das pessoas, que me machucam, que me alegram, esses estímulos que vem de dentro, nem sempre controláveis, e que possuem a força pra construir e destruir... tudo.
sei que a vida não é linear, não há um sequência prevista de fatos, pelo contrário, cheia de altos e baixos, tá sempre surpreendendo a todos. comigo não poderia ser diferente, dias de bem, dias de mal, de mim para comigo, de mim para com o próximo, do próximo para comigo, tudo junto ao mesmo tempo fazendo da vida esse movimento marítimo que às vezes enjoa, às vezes agrada, às vezes assusta, às vezes encoraja.
mas e nos dias difíceis, e nos dias em que tudo conspirou para a autosabotagem, e falta tudo, menos o peso. o sono não relaxa, o sol não brilha como deveria, a chuva não lava a alma, o sorriso não conforta, o abraço oprime. o peito pesa.
fica só o desejo linearidade, não seria melhor uma vida sem emoções?